Você já parou para pensar na composição dos seus gastos? Quanto você ganha? Quanto você gasta? Com quais coisas você gasta? Quais são os gastos de maior peso no seu orçamento? Estas perguntas são negligenciadas por milhões de pessoas que, pela falta de conhecimento sobre a sua própria saúde financeira, acabam perdendo o sono, tendo problemas de saúde e até mesmo perdendo as esperanças quando se deparam com um grande saldo negativo na conta, cartões de crédito estourados e em um beco sem saída.
Mas antes de buscar formas de responder a estas perguntas, é essencial entendermos quais são os principais erros financeiros cometidos pelas pessoas, famílias e até mesmo empresas de todos os portes. Tente identificar se você comete estes erros e, em caso positivo, não se desespere, pois existem diversas formas de sanar seus problemas financeiros, sejam estas em curto ou longo prazo.
O primeiro e mais comum equívoco financeiro que as pessoas cometem é o gasto excessivo e que pode ser evitado. Imagine que você abastece seu carro uma vez por semana. Sempre que você para no posto de combustível, decide ir até a conveniência e comprar um Red Bull, um Kit Kat e um Trident. Nesta pequena compra, você terá gastado em torno de R$ 20,00. Fazendo isso quatro vezes ao mês, você deixaria R$ 80 na conveniência do posto de combustível. Em um ano, teria gastado quase R$ 1.000. Agora imagine quantas coisas mais duráveis você poderia ter comprado com esse dinheiro; ou, melhor ainda, imagine o quanto você já teria investido se economizasse com estas coisas bastante supérfluas.
Outro erro bastante frequente é o uso descontrolado do cartão de crédito. Hoje em dia, comprar com cartão de crédito itens essenciais para o dia a dia virou algo normal e bastante rotineiro na vida de milhares de brasileiros. Há quem compre desde bens duráveis até uma barra de chocolate usando o cartão de crédito. No entanto, muitos de nós não controlamos o quanto temos gastado no cartão de crédito pelo simples fato de haver um bloqueio na nossa percepção financeira, uma vez que não vemos o dinheiro saindo do bolso. De repente, percebemos que extrapolamos e não teremos como pagar o cartão. Eis que nos deparamos com o crédito rotativo, pagando juros para os bancos e entrando em uma bola de neve. Neste momento, muitas pessoas se desesperam e acabam buscando empréstimos a juros ainda maiores, dando calote no banco e ruindo seu nome no mercado. O caminho ideal para resolver este problema é usar o cartão de crédito somente para compras parceladas de coisas que são realmente necessárias, como um fogão, geladeira e outras coisas. Mas sabemos que muitos brasileiros não conseguem reverter essa situação simplesmente passando a comprar as coisas do dia a dia com dinheiro vivo ou cartão de débito. Então outra forma de lidar com isso é fazer a transição gradual do cartão de crédito para o cartão de débito, mas isso exigirá de você bastante disciplina!
Quanto você investe por mês? E onde investe? Talvez você, assim como muitos brasileiros, não investe nenhuma quantia do seu salário. Quando falamos em investimento, não nos referimos àquelas reservas multimilionárias dos fundos de mercado ou àqueles investidores que negociam frequentemente na bolsa de valores. Neste ponto, estamos nos referindo a investimentos que permitam a você e à sua família terem uma reserva de emergência para ser usada, como o próprio nome já diz, em situações emergenciais tais como problemas mais graves de saúde, reparo emergencial na sua casa, uma viagem inesperada, transição de emprego, entre outras coisas. No entanto, são poucos os brasileiros que reservam parte do seu salário “religiosamente” todo mês para guardar em algum lugar.
E quanto à mágica das coisas parceladas? Talvez você já tenha ouvido que “se não parcelarmos, nunca teremos nada na vida”. Isto é uma meia verdade ou uma mentira completa. As finanças comportamentais indicam que o fato de não vermos o dinheiro em espécie saindo do nosso bolso nos passa a impressão que poderemos parcelar para comprar itens de maior valor. É fácil de encontrar pessoas que têm, ao mesmo tempo, carro, apartamento, eletrodomésticos, roupas e outros itens parcelados ou financiados. Isto nos leva a viver em torno de parcelas, sem ter clareza do quanto estamos gastando de fato. Além disso, por usarmos parcelamento por boleto ou cartão de crédito, não computamos as oportunidades de desconto que poderíamos obter ou, pior ainda, os juros que pagamos por um financiamento.
Por fim, o último erro e talvez o mais comum de todos seja a falta de um PLANEJAMENTO FINANCEIRO. Quando falamos em planejamento financeiro, não nos referimos às ferramentas mais modernas de controle de gastos usadas pelas empresas, mas sim uma planilha ou até mesmo papel e caneta. Você tem anotado qual foi gasto no último mês? Você sabe qual o seu gasto mensal com as contas fixas? E quanto você gasta por mês com supermercado, transporte, material escolar e outras coisas? Você sabe quanto sobrará ou faltará no seu orçamento no próximo mês? Estas perguntas são essenciais para quem busca organizar as FINANÇAS PESSOAIS. E o maior erro das famílias é não saber respondê-las, o que demonstra que não há controle dos gastos e recebimentos atuais e, menos ainda, previsão da saúde financeira futura.
Destes erros, quais você mais comete? Talvez todos, assim como eu já cometi! No entanto, uma coisa é certa: se você tem um salário fixo ou uma fonte de renda constante, saiba que a sua situação tem solução. A sua saúde financeira depende de pequenos ajustes na sua rotina que podem fazer muita diferença em alguns anos. Mas, como quase nada é de graça, para sair de um estado de sufocamento financeiro e chegar em uma situação de plena organização, é preciso renunciar a algumas coisas, ao menos temporariamente.
Vamos começar? O primeiro passo é monitorar. Monitore o quanto você ganha por mês. Monitore todos os seus pequenos gastos. Monitore também seus gastos maiores. Anote todos estes valores, sejam eles pequenos ou grandes, por cartão de débito ou crédito, uma coisa simples ou algo significativo. No final do mês, faça as contas para ver qual foi o balanço. Assim você terá dimensão dos seus gastos.
No próximo mês, repita o primeiro passo, mas separe seus gastos por tipos, tais como alimentos essenciais, “bobeiras” no supermercado, combustível, aluguel, internet, tv a cabo, entre outros. No final deste segundo mês, você saberá a composição dos seus gastos e qual é o maior ralo por onde seu dinheiro está escoando. A partir disso, você poderá definir o que é primordial e o que pode ser cortado. Depois que fizer pequenos cortes, terá a possibilidade de evitar os erros comuns cometidos com cartões de crédito e compras parceladas. Por fim, com suas contas organizadas, basta identificar se há alguma sobra; se sim, poderá fazer sua reserva de segurança equivalente a seis vezes o orçamento da família ou a seis vezes o salário da pessoa chefe de família.